Meus queridos,
Este pequeno texto é uma forma de agradecimento. Uma forma de devolver uma parte do carinho inestimável presente no convite que recebemos. Gostaríamos ainda, que ao ouvir essas palavras, um pouco da ansiedade e do medo inerente a esse momento fosse embora. Gostaríamos que essas palavras os tratem, da mesma maneira como as suas já trataram tantas outras pessoas em momentos delicados.
Primeiro: vocês vão errar. Na verdade, o dia de hoje é um reconhecimento disso. Uma celebração por todos os erros superados. Celebrar o erro é celebrar o aprendizado. Porque antes de serem médicos, vocês são humanos. E é isso que nós, pequenos humanos, fazemos: nós erramos. Todos os dias. É parte do que nós somos e sempre será. Isso não faz de vocês piores médicos. Disse-nos uma vez um de nossos professores: "o bom médico não é aquele que acerta, mas aquele que carrega a dúvida consigo. Este, sem dúvida, estará fadado a ser um sábio."
Segundo: vocês não estão sozinhos. Uma das vantagens dessa nossa era completamente louca por tecnologia é que é praticamente impossível ficar sozinho! Vocês terão uns aos outros, e outros médicos, e enfermeiros, e professores, e fisioterapeutas, e nutricionistas, e todos os outros que possivelmente podem lhes ajudar ou lhes ensinar algo no alcance de uma tela sensível a dedos! É que as vezes é difícil perceber o que não estamos ouvindo ao nosso redor; e no final é tão mais fácil do que poderíamos imaginar. Porque as vezes é preciso abaixar a guarda, ficar em silêncio, e ouvir. Apenas ouvir. Ouvir é o melhor jeito de não estar sozinho. É a forma de amor que nós, médicos, podemos dar - ouvir.
Terceiro, e por último (juro): não tenham medo. O mundo em que vivemos pode ser um lugar assustador, mas vocês aceitaram uma missão única: de aliviar o sofrimento humano. Não esqueçam de quantas pessoas nós já vimos deixar esta vida e o quanto aprendemos com cada uma delas. Não esqueçam da fé que as pessoas depositam nas suas palavras. Não esqueçam que elas, sozinhas, já tem o poder de tratar - as vezes, mais que qualquer droga. Depois de receberem seus diplomas, lembrem-se de todas as provações que vocês enfrentaram até aqui. De o quão incrivelmente difícil foi chegar ao final desse curso. De tudo que vocês aprenderam. Encham seus corações de vida, e digam, em alto e bom som para o que o mundo possa ouvi-los: somos médicos.
Com amor,
Arthur, Felipe e Rayssa.
Obrigado.